Páginas

terça-feira, 14 de maio de 2013

Quanto à família

  O que é a família? Já começo a questionar, desde que ouvi o termo "família tradicional". Me pergunto se a família que conta é aquele conjunto de pessoas com quem você convive, se é aquela família que compartilha o mesmo sangue, se é aquela formada pelas pessoas que você ama. Me pergunto se um animal pode ser considerado família, se um irmão de sangue pode não ser. Porque, se "família tradicional" se refere a um modelo básico (pai, mãe e filhos apenas), ela não inclui mutas famílias atuais. 
  Na iminência de perder o meu cão, um ser que tem um amor incondicional por mim, vejo finalmente o quanto também eu o amo. Ao observar o conviver de alguns amigos numa república universitária, percebo que aquilo pode, sim, ser considerada uma família. Toda a discussão sobre homossexuais e adoção de crianças por eles também deve ser citada. Assim, cai ao chão toda o conceito de "família tradicional". 
  O aspecto familiar é estritamente cultural. É algo criando pelo homem, de forma nenhuma é natural. Animais não constituem família. Existem famílias poligâmicas no oriente aceitas pela cultura local,  coisa que, para nós do ocidente é abominável. Vemos que o homem criou toda uma rede intricada de relações familiares, algo que consideramos que é da nossa natureza, mas não é. É por isso que qualquer forma de amor é válida. É por isso que família não é quem é do seu sangue e sim quem você ama, quem está ali por você nos momentos difíceis. É aquela pessoa em quem você deposita a sua confiança sem receio.
  É claro que a chamada família tradicional não deve ser subestimada, desde que os valores pregados por ela não sejam absurdos, não sejam prejudiciais a ninguém. As pessoas têm que abrir a cabeça para novas opções. Uma sociedade de jovens de mente aberta leva a um futuro melhor para todos. 
  Acredito que a família que deve ser considerada é a formada por quem se ama. Um amigo de quem você tem saudade. Um animal de estimação com uma relação de amor. Um familiar que compartilha do seu sangue em quem você confia. E que venha um bom futuro para todo mundo. Um futuro onde qualquer um pode ser feliz.

(...)

sábado, 4 de maio de 2013

Saia

  -Saia.
  -O quê?
  -Saia!
  -Porquê?
  -Saia!
  -O que fiz que te deixou tão raivoso?
  -Nada! Saia!
  -Tá, tudo bem, já estou saindo.
  -Não saia! Tô dizendo para você usar saia, meu bem!
  -Você é louco? Tá dizendo isso para que?
  -Você é louca? Foi você quem me perguntou se eu preferia que você usasse calça ou saia longa.
  -E você prefere saia?
  -Sim!
  -Mas saia... Saia longa é algo velho.
  -Saia longa é algo lindo!
  -Não é isso. Ah... Saia longa... me lembra a minha avó!
  -E qual é o problema?
  -Não importa; Não vou falar da minha avó para você
  -Por quê?
  -Porque não.
  -Tudo bem. Mas use a saia.
  -Saia é coisa velha.
  -Saia é coisa atual.
  -Saia é coisa! Não visto coisa!
  -Calça também é coisa!
  -Mas saia é mais coisa que calça!
  -Toda roupa é coisa, minha maluca. Saia sem vestir nada, então.
  -O quê?! Como você pode falar algo assim?
  -Com a boca.
  -Ah, quer saber? Saia.
  -O quê?
  -Saia!
  -Porquê?
  -Saia!
  -O que fiz que te deixou tão raivosa?
  -Nada! Saia!
  -Tá, tudo bem, já estou saindo.
  -Não saia! É tanta ignorância da sua parte.
  -Ignorante é você.
  -Vamos parar por aqui. Eu uso a saia.
  -Viu, como era mais simples?
  -Vai continuar?
  -Não. Te amo demais pra ficar brigando.
  -Também te amo.
  -É bom saber disso.
  -É...
  -A gente devia falar que se ama mais vezes.
  -É...
  -O que foi agora...?
  -Não quero usar saia...
  -Use...!
  -Saia é coisa velha!
  -Ah... Vamos começar de novo...?

(...)