Era uma vez a Língua.
Ela morava desde sempre numa boca que era habitadas por muitos dentes. Porém, apesar de serem velhos conhecidos seus, não tinha amizade com nenhum deles. Quem se importava? Era boa o suficiente sozinha! Era a única que conseguia alcançar o céu da boca. Sem contar que ela não gostava nem um pouco de nenhum dos dentes.
Haviam dentes de todos os estilos. Uns estavam caindo. Outros estavam brancos e lisos, quase perfeitos. Outros podres com buracos que permitiam ver por dentro deles. Outros amarelados.
A língua, desde que se lembrava, tinha sido a porta voz dos dentes. O Ciso, quando queria dizer algo ao Incisivo, gritava:
-Língua! Venha cá!!! Preciso que você fale algo ao Incisivo para mim! É muito longe até lá!
E era ela quem dava o recado. Por muito tempo, deu os recados com esmero e trabalho duro. Depois os dentes começaram a abusar; por ela estar sempre levando e trazendo recados, eles mandavam cada vez mais e mais. O Pré-Molar gritava:
-Língua! Venha rápido, sua inútil! Fale lá com o Molar que ele não serve para nada!
Ela ia, como que escrava. O Molar respondia:
-Fale com o Pré-Molar que ele só tem "Pré" por ele pré-parar a comida que chega para mim!
-Fale para ele, Língua, que eu estou mais à frente, então sou mais importante!
-Pois diga para ele, Língua, que sou eu quem trituro a comida de verdade!
-Então, Língua, diga para ele que sou eu quem recebe mais escovação então...
Então a Língua reparara que eles estavam um ao lado do outro e podiam muito bem dizer um ao outro essas coisas. Se afastou, chateada.
Estava começando a se cansar de ser garota de recados.
Consequentemente, a Língua sabia tudo da vida de todos os dentes. Sabia, por exemplo que o Canino odiava o grupinho dos Molares Inferiores. Sabia da grande amizade entre o Pré-Molar Inferior com o Incisivo Superior e isso era complicado, pois um morava embaixo do outro e ainda assim, só se falavam por intermédio dá língua
Como dito, todos os dentes começaram a abusar da pobre Língua.
Então ela se rebelou e decidiu parar de ser "a pobre Língua". Começou então a espalhar de dente em dente algum podre do outro. Começou a fofocar como louca, na intenção de ver se eles se matavam ou se desafiavam para um duelo em que restasse só ela.
-Sabe, Incisivo, o Pré-Molar disse que você é falso e que ele na verdade não gosta nem um pouco de você... - foi até o Pré-Molar e disse:
-Pré-Molar! Você não imagina o que o Incisivo anda comentando de você! Disse que você é um amigo muito falso!
Envenenou assim, a amizade de todos os amigos e ajudou a piorar o ódio entre os inimigos. Só não pensou em uma coisa: Estaria no meio de fogo cruzado.
Depois que todos os dentes estavam com raiva de todos, ela se aquietou e sorriu, esperando. Logo começaram a gritar entre si. Que bom! Agora não passaria mais por garota de recados.
Mas, durante a noite, quando tentou dormir, ela não conseguiu. Todos os dentes ainda estavam gritando e discutindo.
-Pré-Molar!!! Você é um falso!!! Nunca mais converse comigo!
-Não conversarei mesmo com você depois do que falou de mim!
-Não disse nada sobre você!
-Disse sim! A Língua me contou!
-Pois a também Língua me contou que você me odeia!
Com os que já eram inimigos não estava pior. O Canino enfrentava sozinho uma discussão com todos os Molares Inferiores, não era uma proeza muito grande, visto que eles não era lá muito inteligentes:
-Seus inúteis! Simplesmente não prestam pra nada!
-O que foi que você disse?
-É, repita!
-Que não prestam para absolutamente nada!
-O quê?
-É, repita!
-Além de tudo são uns burros!
-O quê?
-É, repita!
-Ah, vão catar as suas cáries, já que estão cheios delas!
-O quê?
-É, repita!
-A Língua me disse tudo! Me disse que vocês estavam querendo brigar!!!
-O quê?
-É, repita! Espere! Ela disse isso a nós também!
E assim, os olhares de todos os dentes foram dirigidos à Língua.
-Foi você! - disseram - Você nos envenenou! Iremos te tirar daqui!
A Língua sorriu e disse:
-Vocês não conseguirão.
-Você quer apostar?
E os dentes morderam e trituraram a Língua.
E era uma vez a Língua.
(...)
Ela morava desde sempre numa boca que era habitadas por muitos dentes. Porém, apesar de serem velhos conhecidos seus, não tinha amizade com nenhum deles. Quem se importava? Era boa o suficiente sozinha! Era a única que conseguia alcançar o céu da boca. Sem contar que ela não gostava nem um pouco de nenhum dos dentes.
Haviam dentes de todos os estilos. Uns estavam caindo. Outros estavam brancos e lisos, quase perfeitos. Outros podres com buracos que permitiam ver por dentro deles. Outros amarelados.
A língua, desde que se lembrava, tinha sido a porta voz dos dentes. O Ciso, quando queria dizer algo ao Incisivo, gritava:
-Língua! Venha cá!!! Preciso que você fale algo ao Incisivo para mim! É muito longe até lá!
E era ela quem dava o recado. Por muito tempo, deu os recados com esmero e trabalho duro. Depois os dentes começaram a abusar; por ela estar sempre levando e trazendo recados, eles mandavam cada vez mais e mais. O Pré-Molar gritava:
-Língua! Venha rápido, sua inútil! Fale lá com o Molar que ele não serve para nada!
Ela ia, como que escrava. O Molar respondia:
-Fale com o Pré-Molar que ele só tem "Pré" por ele pré-parar a comida que chega para mim!
-Fale para ele, Língua, que eu estou mais à frente, então sou mais importante!
-Pois diga para ele, Língua, que sou eu quem trituro a comida de verdade!
-Então, Língua, diga para ele que sou eu quem recebe mais escovação então...
Então a Língua reparara que eles estavam um ao lado do outro e podiam muito bem dizer um ao outro essas coisas. Se afastou, chateada.
Estava começando a se cansar de ser garota de recados.
Consequentemente, a Língua sabia tudo da vida de todos os dentes. Sabia, por exemplo que o Canino odiava o grupinho dos Molares Inferiores. Sabia da grande amizade entre o Pré-Molar Inferior com o Incisivo Superior e isso era complicado, pois um morava embaixo do outro e ainda assim, só se falavam por intermédio dá língua
Como dito, todos os dentes começaram a abusar da pobre Língua.
Então ela se rebelou e decidiu parar de ser "a pobre Língua". Começou então a espalhar de dente em dente algum podre do outro. Começou a fofocar como louca, na intenção de ver se eles se matavam ou se desafiavam para um duelo em que restasse só ela.
-Sabe, Incisivo, o Pré-Molar disse que você é falso e que ele na verdade não gosta nem um pouco de você... - foi até o Pré-Molar e disse:
-Pré-Molar! Você não imagina o que o Incisivo anda comentando de você! Disse que você é um amigo muito falso!
Envenenou assim, a amizade de todos os amigos e ajudou a piorar o ódio entre os inimigos. Só não pensou em uma coisa: Estaria no meio de fogo cruzado.
Depois que todos os dentes estavam com raiva de todos, ela se aquietou e sorriu, esperando. Logo começaram a gritar entre si. Que bom! Agora não passaria mais por garota de recados.
Mas, durante a noite, quando tentou dormir, ela não conseguiu. Todos os dentes ainda estavam gritando e discutindo.
-Pré-Molar!!! Você é um falso!!! Nunca mais converse comigo!
-Não conversarei mesmo com você depois do que falou de mim!
-Não disse nada sobre você!
-Disse sim! A Língua me contou!
-Pois a também Língua me contou que você me odeia!
Com os que já eram inimigos não estava pior. O Canino enfrentava sozinho uma discussão com todos os Molares Inferiores, não era uma proeza muito grande, visto que eles não era lá muito inteligentes:
-Seus inúteis! Simplesmente não prestam pra nada!
-O que foi que você disse?
-É, repita!
-Que não prestam para absolutamente nada!
-O quê?
-É, repita!
-Além de tudo são uns burros!
-O quê?
-É, repita!
-Ah, vão catar as suas cáries, já que estão cheios delas!
-O quê?
-É, repita!
-A Língua me disse tudo! Me disse que vocês estavam querendo brigar!!!
-O quê?
-É, repita! Espere! Ela disse isso a nós também!
E assim, os olhares de todos os dentes foram dirigidos à Língua.
-Foi você! - disseram - Você nos envenenou! Iremos te tirar daqui!
A Língua sorriu e disse:
-Vocês não conseguirão.
-Você quer apostar?
E os dentes morderam e trituraram a Língua.
E era uma vez a Língua.
(...)
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