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quinta-feira, 26 de março de 2015

Incomunicação desabada

Fabiano Alvez em O Adorável Desastre
Mas, diga-me.
Quando foi que as coisas já feitas começaram a fazer tanto barulho
que nem posso ouvir o que tenho a dizer?
Quando foi que a saudade bateu forte a ponto de me desvanecer?
Saudade de algo que nem tive...

É porque as coisas vieram fáceis?
Por eu não ter tido muito tempo de sonhar?
Tive...

Suprimo um choro, suspirando.
O mundo de repente ficou tão embaçado.

Estar aqui passa a não fazer sentido.
Olhar além também não.
O amor à vida me consome, ainda assim.

Mas que vida eu amo? Nem acredito no que tenho a dizer...
As coisas já feitas, pelos de antes
barulharam tanto que me confundiram.
O que tenho a dizer não chegou até mim.

sábado, 7 de março de 2015

Gizá

A voz dela era sacudida.
Era ambígua em sua mais notória repiquitude.
E era demônio.
Tencionava ir além da conta, e não voltar.
Como um Gizá.

E, demônio, era além.
Era todos e todos éramos ela.
Mais que isso, éramos todos diluídos
Na mesma densa solução.

Os tendões nossos se destinavam.
Ao céu!
E tensionavam.
Ao chão!
E eram VERGONHOSOS querida.
E, balbuciados, os desejos nossos
DECEPCIONAVAM

E ela vinha.
E sacudia o mundo com um universo colorido em caleidoscópio.
Estado efêmero
mudança rápida
ela vinha
vinha vinha vinha vinha
e nos levava a ter certeza de que após a passagem dela tudo voltaria a ser,
simplesmente
como era antes.

(...)