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terça-feira, 27 de maio de 2014

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Ilustração de Guilherme Fonseca
Arqueada, ela vem seguindo.
Contorcendo-se na própria pele.
Afogando-se nos próprios cabelos.
O cansaço já nem incomoda tanto
e o burburinho não para.

Arqueadas, suas sobrancelhas cuidadas
perguntam a nós "como?"
Cabisbaixa, nossa geração não responde,
contorcendo-se numa lógica furada.

Arqueadas, as nuvens observam
o clima, o ofício e a ofensa.
O dilúvio comportamental pasma
uma sociedade estável e doente.

Arqueado, o corpo dela permanece,
pausado, sem conexão.
Agora tudo é simples.
Agora não há um só vagão.


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