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domingo, 12 de outubro de 2014

Negações


  Grude. Um grude denso. Puxento, melado, esquálido, nojento, enfim. Era tudo o que eu via à minha frente. E ao redor de mim. E dentro de mim. De repente eu me tornei aquilo. Nojo de mim.
  E agora não havia um movimento que eu fizesse que não deixasse gotículas por toda a área, sujando ainda mais aquele ambiente hostil. Depois de um tempo, percebi que estava respirando a mim mesmo. Não aconselho ninguém a respirar a si mesmo. No mínimo, dói.
  Fui andando. Deixei pegadas meladas por todo o lugar, que ia só diminuindo. Num acesso de plena frustração e falta de orgulho, chorei. Chorei grude. E tive nojo do meu choro. E o mundo também. E as pessoas me olharam admiradas com a capacidade que tive de me deturpar.
  Segui. Mas segui mal, meu olho embaçado. E chorava grude a todo momento.

(...)

Um comentário:

  1. Você é tão importante pra mim, sei que nada é o que parece, mas só sei que todo dia penso em ti , no "como sera seu beijo".

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