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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Quando fomos, já nem sabíamos quem éramos

Claude Monet
Aparentasse ou não, sentia-se consumido de estranha indignação.
Quando pôs-se a olhar, todo o fato lhe doeu.
E se consumiu de merecida indignação.
Que lhe bastasse o sorriso nos lábios de uma criança!
Mas não: ousava surgir num novo âmbito da descoberta pessoal.
Que, quando quis se difratar em vários, sendo ainda o mesmo,
foi avisado do perigo de ser tudo o que quisesse ser.
Aí se consumiu de estridente indignação.
E suas palavras se fundiram em outras tantas...!
Que quando se difratou, ele não pensou.
Mas, no sim ou no não, seria vários.
e não sabia do perigo de não voltar a ser quem era antes.

Aparentasse ou não, ele lutava com e contra indignação.
Subindo mais e mais níveis.
Que, na verdade, nem mesmo importava se
aparentasse ou não.
E subindo, foi pensando.
E, no topo, nada mais havia a desconstruir.
E era só horizonte à sua frente.
E na subida, se cansou. Suou. 
E suas lágrimas rolaram desalmadas.

Aparentasse ou não, agora era pó.
Já consumido de obsoleta indignação.
E quando revirava e revirava na leve cama do ar, 
viu que sua intenção nunca fora muito metódica.
E que sua vida tinha ficado no meio de tudo, 
difratada como luz.
E se consumiu.
Da mais sublime indignação.

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